Nunca mais tive a oportunidade de visualizar um nascer do sol tão belo
como o daquele dia. Jamais havia dado importância a isso antes, pois achava que
deslumbrar tal coisa era tarefa de poetas ociosos. Talvez tenha atraído minha
atenção devido a sua beleza singular, inédita. O amanhecer daquele domingo era
um maravilhoso espetáculo!
Estava meio sonolento naquele instante. Após uma chuvosa madrugada
durante a qual passei toda em claro recordando vagas lembranças, fui abrir a
janela do meu quarto para ver se já havia amanhecido. Observei os raios de sol
cor-de-fogo saindo da terra, do horizonte, refletindo esplendorosamente nas
montanhas, as quais nunca haviam estado tão reluzentes para mim. Eram outrora apenas
montanhas, aglomerados de rochas vulneráveis ao intemperismo. As reflexões
daqueles raios formaram um grandioso e perfeito arco-íris, e pela primeira vez
consegui observá-lo por completo, de extremidade a extremidade. Percebi que os
primeiros pássaros já estavam voando a todo vapor, e os animais silvestres já
saiam de suas tocas em busca de comida, mantendo assim a regularidade dos
níveis tróficos e a continuidade da vida. Vi a vida novamente dando seus sinais
singelos.
Talvez não tenha expressado de maneira satisfatória esta visão privilegiada.
Todavia, vale lembrar da relevância desse fato como uma simples maneira de
aprender a perceber e dar mais valor às belas coisas que a natureza
gratuitamente pode nos oferecer.
Anderson Batistello - 26/01/2004
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